A perfumaria há cerca de 4000 anos, uma arte desenvolvida desde os primórdios que evoluiu ao longo dos séculos, fazendo aromas parte da estrutura da cultura humana. No entanto, a história da confecção de fragrâncias não foi isenta de controvérsias. Ao longo dos anos, certos ingredientes enfrentaram proibição devido a preocupações com a saúde, impacto ambiental ou considerações éticas. Este artigo discorre sobre o mundo dos ingredientes proibidos na perfumaria, esclarecendo as razões por trás de sua proibição e a busca contínua da indústria por alternativas mais seguras e sustentáveis.
Compostos policíclicos e nitros de almíscar:
Os compostos policíclicos de almíscar, de forma resumida, foram a primeira geração de almíscares sintéticos. O almíscar até meados dos anos 60 era extraído de glândulas animais, portanto, por uma questão ambiental e ética passou a ser reproduzido em laboratório. Ainda assim, com a tecnologia da época, estudos associaram estes compostos à impactos negativos na vida aquática, e a preocupações sobre o seu impacto na saúde humana, seu sucessor, o nitro de almíscar poderia causar impactos no sistema endócrino com uso contínuo. Como resultado, muitos países restringiram ou proibiram o uso de certos almíscares policíclicos na perfumaria, levando a indústria a explorar opções alternativas biodegradáveis.
Ingredientes de origem animal:
Historicamente, ingredientes de origem animal, como civeta, almíscar e âmbar cinzento, eram valorizados pelas suas qualidades olfativas únicas. No entanto, preocupações éticas e de bem-estar animal levaram à proibição destes ingredientes em toda a indústria moderna. O processo de extração muitas vezes envolve danos aos animais, levando a indústria de perfumes a mudar para alternativas veganas e livres de crueldade, como almíscares sintéticos e substitutos à base de plantas. A Parfum Brasil abordou o tema sustentabilidade na perfumaria e substituição de ingredientes de origem animal em um artigo que você pode conferir aqui.
Musgo de carvalho e musgo de árvore:
Extratos naturais como musgo de carvalho e musgo de árvore contribuem para as notas complexas e terrosas dos perfumes. No entanto, estes ingredientes contêm alérgenos que podem causar sensibilidade cutânea em alguns indivíduos. Em resposta às restrições regulamentares, os perfumistas têm trabalhado para desenvolver alternativas e métodos de extração inovadores para reter a essência destes produtos botânicos, minimizando ao mesmo tempo o potencial alergênico.
Substâncias químicas:
Seus nomes técnicos podem parecer difíceis, mas normalmente referidos como parabenos ou ftalatos, são substâncias desenvolvidas em laboratório que inicialmente eram usadas com diversas propriedades em perfumes: proporcionar brilho, cor, durabilidade. Com base em pesquisas de institutos que contam com químicos, dermatologistas, toxicologistas e setores com foco de segurança ambiental como a International Fragrance Association (IFRA), tais substâncias químicas, a depender da quantidade, podem provocar alterações em sistema reprodutor, endócrino, e até mesmo contribuírem para o desenvolvimento de tumores após anos de uso contínuo e contaminação do corpo.
No Brasil, uma resolução do governo federal sob monitoramento da ANVISA dispõe sobre quais substâncias não devem ser usadas em perfumes e cosméticos, podendo ser consultada aqui.
O mundo da perfumaria está em constante evolução à medida que a sociedade se torna mais consciente das considerações de saúde, ambientais e éticas. A proibição de certos ingredientes levou a indústria de fragrâncias a reavaliar as suas práticas e a inovar, levando ao desenvolvimento de alternativas mais seguras e sustentáveis. À medida que os consumidores se tornam mais exigentes, o compromisso da indústria de perfumes em criar aromas encantadores que se alinhem com os padrões éticos e ambientais provavelmente moldará o futuro das fragrâncias.