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PERFUMES ÁRABES: Aromas intensos e o pioneirismo na perfumaria

Diretamente ligados aos primórdios da perfumaria, os perfumes árabes tornam-se moda e despertam a curiosidade do consumidor sobre esses inebriantes aromas.
No presente artigo, a Parfum Brasil traz curiosidades sobre essa vertente da perfumaria, tal como suas origens e ingredientes.

ALQUIMIA, MULTICULTURALISMO E PIONEIRISMO NA PERFUMARIA

Muito antes da França industrializar a produção em larga escala de perfumes, ou dos Gregos produzirem diversos produtos com base em óleos essenciais, os povos Árabes já desenvolviam e utilizavam tecnologias relacionadas à extração de tais óleos em alta qualidade e à confecção de perfumes.

A conquista do Egito pelos povos árabes trouxe o contato com o costume egípcio de realizar a queima de flores, madeiras e resinas para geração de fumaças aromatizadas que eram usadas em caráter religioso. A partir disso, os árabes desenvolveram métodos de extração aprimorados dos óleos: Avicenna – famoso alquimista, filósofo, matemático e físico – inventou o método de destilação no século XI em experimentações com o óleo de Rosa, onde conseguia por meio de misturas controlar a intensidade e deixar o óleo com cheiro mais forte ou suave. Alkindus, químico árabe, publicou no século IX o atemporal “Livro da Química de Perfumes e Destilados”, onde encontravam-se instruções de extração de óleos essenciais, composições químicas de perfumes e detalhou o uso dos alambiques para destilação de álcool e sua utilização em perfumes, proporcionando maior fixação e aderência à pele.

Os árabes também foram essenciais na introdução dos perfumes na Europa, em meio a invasão muçulmana o conhecimento sobre perfumaria foi difundido na Espanha, e então levado a França, onde por fim os perfumes foram industrializados.

Desde então, as descobertas dos povos árabes nunca deixaram de ser referência em perfumaria, e mesmo com o passar dos séculos o aspecto artesanal dessas fragrâncias vem perdurando até os tempos atuais.

Arte representando Alkindu, conhecido como o pai da perfumaria moderna

ÓLEOS ESSENCIAIS ÚNICOS E AROMAS INTENSOS

Aromas marcantes, opulentos, incensados e ingredientes únicos de alto valor são marca registrada dessa vertente da perfumaria, e normalmente, por conta de seu aspecto puro são perfumes com poucos componentes na formulação.

O grande destaque em óleos essenciais de perfumes árabes é o óleo da Madeira de Oud. A maior parte dos perfumes tem como base essa madeira que é encontrada de forma natural em poucos locais no mundo, sendo eles o Sul da Índia e o Camboja. O óleo de Oud é extraído de uma resina que se forma dentro do tronco a partir da ação de um fungo, e exala um cheiro úmido, amadeirado, e descrito como muito sofisticado e presente.

Outros óleos essenciais e ingredientes intensos e exalantes também estão numerosamente presentes nos perfumes árabes, as especiarias Orientais têm papel fundamental na composição deles, principalmente as de cheiros quentes como Canela, Cravo, Pimentas e Anis Estrelado que provocam sensação de mistério, realçam a sedução e tornam as fragrâncias poderosas. E a mirra, uma resina que confere um aroma picante, balsâmico, amadeirado rústico e levemente adocicado, sendo comumente associada a incensos. As flores mais comuns para esse nicho de perfumaria são a intensa Rosa e o doce Jasmim.

A junção de tantos óleos essenciais que se destacam por sua intensidade forma perfumes de aromas fortes que podem durar até 24 horas na pele, performance muito superior ao de perfumes desenvolvidos no ocidente.

DIFERENTES FORMATOS E APLICAÇÕES

Embora pioneiros em destilação de álcool para utilização em perfumes, o que lhes confere aderência mais fácil na pele, os perfumes árabes mais tradicionais vêm com conta gotas por conta da alta concentração de óleos essenciais neles, e a ausência de álcool, que os deixam com aspecto oleoso. A recomendação é que o óleo seja aplicado nas áreas quentes do corpo (pescoço, pulso, nuca, dobras dos braços e pernas).

No antigo Egito os óleos essenciais eram dissolvidos em banha animal, dessa mistura formava-se um unguento semelhante a uma pomada que era esfregada na pele para aromatizá-la. Mantendo essa referência às origens da perfumaria, os perfumes árabes podem ser encontrados em forma sólida com bases oleosas, pois o clima no Oriente Médio e demais países árabes é de muito calor e perfumes diluídos em álcool podem enfrentar durabilidade baixa sob altas temperaturas e ar seco.

Os perfumes árabes sólidos apresentam embalagens que se assemelham a joias chamados Attar. Suas versões líquidas também chamam atenção por frascos que simulam adagas cravejadas, vasos artesanalmente enfeitados com pedras coloridas, e lâmpadas mágicas como referências as lendas da cultura árabe e muçulmana.

Recém-chegado ao Brasil, o nicho de perfumaria árabe é promissor e vem ganhando notoriedade no ocidente pelo público que procura exclusividade e aromas diferentes dos florais delicados que estamos habituados, sua adaptabilidade a altas temperaturas também os confere interesse aos olhos do público de países tropicais.

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